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Pesquisa da UFPB é premiada pela Sociedade Brasileira de Psicologia

publicado: 03/02/2020 16h00, última modificação: 13/11/2024 17h57
Estudo feito no âmbito do Centro de Educação (CE) trata sobre a percepção de discriminação racial

Foto: Agência Escola UFPR

Estudantes da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) receberam Menção Honrosa no Prêmio Reinier Johannes Antonius Rozestraten, que reconhece os melhores trabalhos a nível de graduação durante as Reuniões Anuais da Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP). Os discentes foram premiados com a pesquisa “Medindo a percepção de discriminação racial: estudo psicométrico da Race-Related Events Scale [Escala de Eventos Relacionados à Raça, em tradução livre]”, e o anúncio foi feito durante a 54ª Reunião da SBP, realizada na Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba, entre os dias 22 e 25 de outubro deste ano.

Desenvolvida no âmbito do Programa de Iniciação Científica da UFPB e financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a pesquisa teve como autor principal o estudante da graduação em psicopedagogia Oscar José Pires Neto, do Centro de Educação (CE) da UFPB, com coautoria de Wanilla da Costa Medeiros, Fernanda de Souza Pereira e Jessiane Dayane Soares da Silva, do Programa de Pós-graduação em Psicologia Social (PPGPS). A orientação foi realizada pelo professor Renan Pereira Monteiro, do Departamento de Psicopedagogia (DPSICO). 

O estudo investigou a exposição de 727 pessoas racialmente diversas a agentes estressores relacionados à raça, por meio da Race-Related Events Scale (RES), uma medida psicométrica utilizada para avaliar experiências estressantes e potencialmente traumatizantes associadas ao racismo. O trabalho identificou uma estrutura de três componentes da discriminação (racismo cotidiano, vicário e direto) e evidenciou que pessoas pretas, em média, vivenciam esses estressores em maior grau do que outros grupos raciais. Além disso, o estudo observou que maiores pontuações na RES estão associados a indivíduos com maior escolaridade, sexo masculino e renda mais baixa.

O orientador da pesquisa, professor Renan Monteiro, explica a importância do estudo.

“Por ser um grave problema, além da elevada incidência, é importante avaliar os impactos do racismo nas vítimas, possibilitando conhecer o impacto do racismo em diferentes desfechos (por exemplo, depressão, ansiedade, abuso de substâncias), além de verificar fatores de proteção que possam mitigar tais efeitos, como resiliência, identidade étnico-racial. Nesta direção, faz-se necessário contar com medidas psicometricamente adequadas que quantifiquem a exposição a [agentes] estressores relacionados à raça, sendo que o nosso trabalho forneceu evidências de validade e precisão da Race-Related Events Scale para o Brasil. Portanto, esta escala pode ter um papel fundamental em pesquisas que quantifiquem o racismo sofrido, estimando em que medida ele afeta diferentes dimensões na vida das vítimas, além de viabilizar o estudo para a identificação de fatores de proteção a fim de reduzir os impactos do racismo”, afirmou. 

De acordo com o professor, a pesquisa justifica-se devido ao preconceito racial existente no Brasil, que se manifesta desde as formas mais sutis e veladas, até as mais explícitas e flagrantes, trazendo inúmeros prejuízos à saúde física e mental das vítimas.

Oscar José, um dos estudantes autores da pesquisa, fala da experiência de apresentar o estudo em um evento nacional.

“Para um aluno de Iniciação Científica, a apresentação de trabalhos em congressos é fundamental, e a reunião da SBP foi particularmente especial. A troca de experiências com pesquisadores da pós-graduação, as atividades científicas e as diversas pesquisas ali expostas ampliaram minha perspectiva sobre a carreira acadêmica. É inspirador ver como tantas pesquisas de excelência estão sendo realizadas no Brasil, apesar das significativas limitações de investimentos e outros desafios”, disse.

Segundo Oscar, o reconhecimento obtido destaca a relevância de pesquisas científicas sobre a saúde mental de minorias étnico-raciais. “A Menção Honrosa demonstra a importância de pesquisas que promovem o cuidado com a saúde mental de minorias no país, além de fortalecer o Programa de Iniciação Científica da UFPB”, completou o discente.  

O trabalho encontra-se em apreciação para publicação na revista Avaliação Psicológica (IBAP) e reflete um avanço significativo para o campo da psicologia social e psicopedagogia, além de apontar caminhos para o desenvolvimento de políticas de saúde mental voltadas para populações historicamente marginalizadas.

Acesse o banner do trabalho aqui

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Texto: Flávia Lúcia Santana 
Edição: Vinícius Vieira
Fotos: Agência Escola UFPR
Ascom/UFPB