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Risco à saúde: Pesquisa da UFPB identifica presença de parasitos em solos de praças públicas de João Pessoa
Uma pesquisa da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) identificou contaminação do solo com presença de parasitos em 04 praças públicas da cidade de João Pessoa: Praça da Independência (Tambiá), Parque Solón de Lucena (Centro), Praça Nossa Senhora da Paz (Castelo Branco) e Praça Alcides Carneiro (Manaíra). O trabalho avaliou o solo de 06 praças, e na Praça do Caju (Bessa) e Praça Bela (Funcionários II) não foram encontradas formas evolutivas parasitárias.
O estudo foi conduzido pelo professor Fábio Marcel Silva, do Departamento de Fisiologia e Patologia do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFPB, em conjunto com a aluna Walléria Katelly Gomes da Silva, da graduação em Biomedicina.
Os pesquisadores retiraram amostras dos solos que foram analisadas no Laboratório de Parasitologia do Departamento de Fisiologia e Patologia da UFPB, por meio da utilização de três métodos laboratoriais para investigação e identificação microscópica (Método de Hoffman, Pons e Janer; Método de Rugai, Mattos e Brisola e Método de Faust).
Nas 04 praças públicas de João Pessoa foram encontrados ovos de helmintos Ancilostomídeos, (parasitos do intestino delgado, ou parasitas como mais popularmente são conhecidos) e Toxocara canis (parasitos de cães que podem infectar humanos), que representaram 57,1% e 21,4%, respectivamente, do total de amostras de solo contaminadas. Já as espécies de larvas encontradas foram o equivalente a 50% de Ancilostomídeos (causadores da ancilostomíase) e 71,4% de Strongyloides stercoralis (causador da estrongiloidíase).
Os pesquisadores esclarecem que a presença de formas evolutivas parasitárias de protozoários e helmintos no solo de ambientes públicos resulta em um grave problema de saúde pública.
“As espécies parasitárias encontradas podem ocasionar a incidência de zoonoses que são doenças infecciosas transmitidas entre os animais e seres humanos, tais como a Estrongiloidíase, Larva migrans cutânea (Bicho geográfico) e Toxocaríase. Essas parasitoses podem ocasionar dor abdominal, náuseas, vômitos, diarreia, anemia, febre, perda de peso, cansaço, bem como coceira e lesões na pele”, explicou Fábio Marcel Silva.
Especificamente no Parque Sólon de Lucena foram encontradas Larvas de Strongyloides stercoralis e Ancilostomídeos; ovos de Ancilostomídeos; e ovo de Toxocara canis. Já na Praça da Independência verificou-se a presença de ovos de Toxocara canis. Na Praça Nossa Senhora da Paz as amostras revelaram a presença de larvas de Strongyloides stercoralis; além de larvas e ovos de ancilostomídeos. Enquanto na Praça Alcides foram identificadas larvas de Strongyloides stercoralis; e larvas e ovos de ancilostomídeos.
Os usuários de praças públicas devem estar atentos, pois a contaminação por parasitoses pode ocorrer de diversas formas, uma delas é pela ingestão de formas evolutivas infectantes de protozoários ou helmintos, que podem estar presente em alimentos, água ou nas mãos contaminadas, há ainda a possibilidade de contaminação através do contato da pele com o solo contaminado ocasionando a penetração ativa de larvas infectantes de parasitos.
Umas das atitudes recomendadas como medida preventiva é a utilização de calçados para evitar a penetração ativa de larvas nos pés. “Também é importante lavar as mãos e os alimentos antes de realizar o consumo nestes locais. Além disso, os tutores que costumam levar seus animais domésticos para passear em praças públicas precisam realizar a coleta das fezes desses animais para que não ocorra uma possível contaminação do solo”, recomenda o docente.
A pesquisa foi realizada de setembro de 2022 a agosto de 2023 dentro do Programa Institucional de Voluntários de Iniciação Científica (PIVIC).
Destaque Negativo
Dentre as praças pesquisadas, o Parque Sólon de Lucena, também conhecido como Parque da Lagoa, obteve o maior índice de contaminação. Em todas as amostras coletadas deste local foram encontradas a presença de formas evolutivas infectantes parasitárias.
“Esta contaminação pode ter acontecido pelo fato de que há uma grande circulação de cães e gatos no local. As fezes desses animais infectados podem contaminar o solo e ocasionar a transmissão para os seres humanos através da penetração ativa de larvas na pele íntegra do ser humano ou ingestão de ovos através da falta de higienização correta das mãos ou alimentos”, explicou Fábio Marcel Silva.
A pesquisa aponta que é necessário o estabelecimento de ações que possibilitem a segurança da população que frequenta os importantes espaços de lazer e recreação, que são as praças públicas.
“As amostras de solos positivas para a presença de parasitos que encontramos demonstram a necessidade de uma avaliação das condições sanitárias dessas praças públicas, bem como a elaboração de estratégias de conscientização para a coleta das fezes pelos tutores dos animais e ações de educação em saúde para prevenção de parasitoses”, disse Fábio Marcel Silva
Os resultados da pesquisa serão submetidos para publicação em revista científica, no entanto é possível entrar em contato com os pesquisadores pelo e-mail dfpufpb@gmail.com. A previsão é que o trabalho tenha continuidade avaliando o solo de praças de outras cidades da Paraíba, com o intuito de realizar um levantamento epidemiológico da contaminação ambiental por espécies parasitárias.
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Texto: Elidiane Poquiviqui
Edição: Aline Lins
Imagem/Foto: Fábio Marcel Silva
Ascom/UFPB