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UFPB inaugura memorial pioneiro no Brasil, em agradecimento a doadores voluntários de corpos
Durante solenidade na tarde desta quarta-feira (27), a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) inaugurou um memorial em gratidão a doadores voluntários de corpos e a cadáveres desconhecidos não reclamados por familiares e doados à UFPB.
A cerimônia ocorreu no auditório do Centro de Ciências Médicas (CCM), reunindo estudantes, docentes e servidores do CCM e do Centro de Ciências da Saúde (CCS). Familiares do primeiro voluntário que doou o corpo pós-morte também participaram das homenagens.
O memorial é uma iniciativa do Programa de Doação de Corpos (PDC) da UFPB, coordenado pela Professora Amira Medeiros, do Departamento de Morfologia do CCS, para expressar a gratidão da comunidade universitária pela doação. O primeiro corpo doado à UFPB voluntariamente foi recebido em junho pela Universidade e, com isso, as famílias deste e dos futuros voluntários passam a ter também um local onde possam prestar as homenagens póstumas.
Segundo a docente, são aproximadamente 1.000 alunos da UFPB beneficiados com as aulas de morfologia. Esses estudantes pertencem a 12 cursos, sendo 11 deles da área da saúde e um – o curso de psicologia – da área de humanidades, vinculado ao Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA).
A mesa de abertura foi presidida pela Vice-reitora da UFPB, Profa. Liana Filgueira, e contou com o Superintendente de Infraestrutura (Sinfra) da Universidade, Jairo Dias. Autoridades do CCS, como o diretor, vice-diretor e assessor de graduação do CCS, professores João Euclides, Fabiano Gonzaga Rodrigues e Jamilton Alves Farias, respectivamente, também compuseram o momento.
Do mesmo modo que os dirigentes do CCS, docentes da área de morfologia integraram a mesa de abertura, a exemplo do chefe do Departamento de Morfologia, Professor Arthur Willian Brasil, a coordenadora do Museu de Ciências Morfológicas da UFPB, Monique Danyelle Emiliano Batista, e a Professora Amira Medeiros.
Em sua fala, a Vice-reitora parabenizou a idealização do memorial e afirmou que é importante a conscientização das pessoas para a doação voluntária de corpos a fim de contribuir para a formação dos profissionais de saúde da UFPB. "Para possibilitar a atividade de ensino de forma eficiente na Universidade Federal da Paraíba, que envolve mais de mil alunos por semestre", disse a professora Liana Filgueira.
De acordo com a Vice-reitora, esse memorial é um símbolo de amor, especialmente daqueles profissionais que integram o Departamento de Morfologia, para com as pessoas que doam voluntariamente seus corpos e colaboram para a ciência, pesquisa, extensão e inovação.
Em seguida, o diretor do CCS, Professor João Euclides, reconheceu o trabalho de todos os envolvidos no PDC e fez, ainda, um agradecimento à família do doador. “Eu não poderia deixar de prestar gratidão a esta família, que realizou a vontade de seu ente querido com este nobre gesto, garantindo assim um sentido à sua partida deste mundo”, disse o gestor do CCS.
Descerramento da placa de inauguração
Encerrada a abertura do evento no auditório, os participantes dirigiram-se ao memorial, construído em uma área arborizada nas proximidades do Departamento de Morfologia, para a realização do descerramento da placa.
Após o desenlace da fita de inauguração, mais homenagens, com a leitura da ‘Oração ao Cadáver Desconhecido’ – criada em 1876 por Karl Rokitansky, médico austríaco, e até hoje disseminada nas aulas de anatomia em memória e respeito aos cadáveres – e uma interpretação emocionante da canção ‘Hallelujah’.
Apesar do luto, Adriana Karla Aguiar, uma das filhas do voluntário, também se sente orgulhosa pela atitude de seu pai. Egressa do curso de enfermagem, ela conhece bem a importância da anatomia e da doação de corpos para ciência.
“É um sentimento de orgulho, de dever cumprido, porque desde que ele mencionou para nós que era doador e deu a cada um dos filhos uma cópia da carteirinha de doador, a gente teve a ciência de que aquela vontade iria ser realizada. Este gesto é uma herança que ele deixou, de servir até na morte. Em nenhum momento, tivemos dúvida do que fazer”, afirmou.
Como se tornar um doador
Qualquer pessoa pode ser doadora voluntária do corpo, exceto nos casos de morte suspeita ou violenta. Não existe restrição por patologias, como cardiopatias, câncer ou doenças neurológicas, por exemplo.
Para se tornar um doador voluntário de corpo, o primeiro passo é entrar em contato com o Departamento de Morfologia, a fim de realizar o cadastro com o PDC. É necessário também preencher um Termo de Intenção de Doação do Corpo e reconhecer firma em cartório.
Mais informações podem ser obtidas no site do Departamento e também por meio do perfil do Programa de Doação de Corpos no Instagram.